Ser professor, em 2025, é um ato de coragem. É estar no centro de um furacão feito de ecrãs, notificações, algoritmos e certezas instantâneas. É tentar ensinar o valor da pausa num tempo que só valoriza a pressa; é defender o pensamento lento num mundo viciado em velocidade.
Nunca a escola esteve tão exposta e tão isolada. As redes sociais competem pela atenção dos alunos com uma força que nenhum manual pode igualar. A Inteligência Artificial responde em segundos ao que antes exigia esforço, pesquisa, reflexão. E o professor, esse guardião do tempo e da dúvida, vê-se obrigado a reinventar o ofício sem perder a alma.
Ensinar já não é transmitir — é traduzir. Traduzir o mundo para quem o recebe fragmentado. É ser farol entre o ruído, lembrando que o saber não está no clique, mas no caminho que se percorre até compreender. Num tempo em que todos “sabem tudo”, o verdadeiro mestre é o que ensina a perguntar.
Os professores de 2025 são alquimistas modernos: transformam distração em curiosidade, dados em sentido, e silêncio em descoberta. Trabalham entre certezas artificiais e incertezas humanas — e é justamente aí que residem a sua grandeza e a sua solidão.
Ser professor hoje é resistir. É acreditar, contra todas as estatísticas, que ainda vale a pena acender luzes em mentes cansadas de ecrãs.
Porque, mesmo na era das máquinas, só o humano ensina o humano.
© Pedro Miguel Rocha